Avaliação temporal da variabilidade genética da lagosta europeia (Palinurus elephas), no mediterrâneo ocidental da Espanha

Abstract

A lagosta europeia (Palinurus elephas) é uma espécie de crustáceo amplamente distribuída no Oceano Atlântico e Mar Mediterràneo. Possui alto valor comercial e apresenta a forma larval filossoma com uma longa duração da fase planctônica. Considerando que a pesca local diminuiu significativamente nos últimos anos devido à superexploração, há necessidade crescente de se desenvolver planos de conservação para esta espécie. A fim de avaliar a variabilidade genética, uma população de Palinurus elephas foi analisada no período compreendido entre 2006 e 2009, utilizando-se 11 marcadores microssatélites. Um total de 163 amostras de P. elephas foram coletadas durante o referido período em Cullera, cidade localizada no Mediterrâneo ocidental. As amostras foram estruturadas dentro de cada ano para incluir tanto as temporadas de verão (VR06, VR07, VR08) e inverno (IV06, IV07, IV08, IV09). Além disso, um estudo comparativo entre a distância genética das amostras de Cullera e de 10 populações de P. elephas analisadas em um estudo anterior (oeste da Escócia, Western Irlanda, Bretanha, Baía de Biscaia, Sul de Portugal, Mediterrâneo Ocidental, Norte do Mediterrâneo Ocidental, Tunísia, Sicília e Grécia) foi estimado. As análises revelaram que a heterozigosidade observada foi menor do que a heterozigosidade esperada durante todo o período de 4 anos. Os valores de conteúdo de informação de polimorfismo (PIC) observadas na maioria dos marcadores foram de moderado a alto (0,30 a 0,89), e permitiram estimar parâmetros de diversidade e diferenciação genética. Foram encontrados valores mais baixos de distância genética (Fst) entre as sete amostras de juvenis de Cullera e as populações do Mediterrâneo, com exceção da Sicília. Estimativas de diferenciação maiores foram obtidas comparando as amostras de Cullera com as populações situadas no Atlântico (Escócia, Irlanda, Bretanha, Biscaia e Portugal). Os resultados não indicaram redução na diversidade genética da população, porém demonstraram que a influência de barreiras oceanográficas na dispersão de espécies pode estar contribuindo para a diferença genética entre as populações de P. elephas.