Identificação das incertezas de produção nos elos da cadeia de suprimentos da piscicultura na região de Dourados/MS

Abstract

O consumo mundial do pescado triplicou neste meio século. No Brasil, a aqüicultura está presente em todo o território nacional, com potencial para o desenvolvimento neste setor, com crescimento excepcional, podendo tornar-se um dos maiores produtores mundiais. Fatores como clima, produção durante todo ano, produção de grãos para ração, maior quantidade de água doce do planeta, parques industriais, mercado consumidor doméstico. Este trabalho consiste em identificar os pontos de incerteza e/ou barreiras dos elos a montante e a jusante do sistema de produção tradicional de peixes em cativeiro, com ênfase na visão do produtor. A técnica utilizada para a obtenção dos dados foi qualitativa, para posterior quantificação, através de entrevista com auxílio de questionário. Os resultados mostraram que os tanques são escavados, com águas entrando por gravidade das nascentes, rios e córregos. Os alevinos apresentam alto custo e falta de padronização. Não são usados sistemas de proteção efetiva contra predadores. A ração comprada possui alto custo e as empresas não possuem vantagens competitivas, fragilizando este elo. Os produtores informaram que raramente lhes são prestados apoio técnico sem custos e admitem necessitar mensalmente destes serviços. Alegam que não há intercâmbio e/ou estudos por parte dos órgãos de pesquisas, que irão impactar diretamente no aumento da produtividade, demonstrando o distanciamento entre estes institutos e os produtores. As dificuldades de comercialização são os preços e a classificação; já na criação de alevino o problema é o transporte. Informaram que a piscicultura dá lucro e as incertezas são: doenças, condições climáticas, furto dos peixes, problemas sanitários, não vender a produção, vender e não receber. Finalmente, cabe destacar que os produtores estão abertos a novas tecnologias com baixos custos e que atendam suas necessidades, mostrando que as instituições devem alinhar suas pesquisas com as reais necessidades dos produtores e prestar melhor assistências técnica. Os produtores precisam se unir em associações e sindicatos para reivindicar as necessidades para os órgãos públicos darem incentivos para a instalação de empresas, aumentando a concorrência entre processadoras e fabricantes de ração. Assim, todos juntos promoverão o fortalecimento dos elos de produção, principalmente o produtor, no intuito de minimizar as incertezas e fortalecer a cadeia de produção, possibilitando maiores ganhos para todos os elos.